segunda-feira, 15 de outubro de 2007

SOBRE O PORVIR E O POLVO-VIR

Eu realmente cheguei a um momento da minha vida onde dizer o que é a verdade, o que é real e realmente capaz de dar sentido, onde querer lutar por um objetivo maior, onde acreditar no amor, no bem (e "bem-comum"), liberdade; onde isso tudo e tudo mais, utopias ou não, falam de nossas possibilidades... que requerem escolhas... que podem ou não serem definidas por um destino já pré-destinado. acredito que muita coisa, como essencia, verdade única, o real, o sentimento realmente humano são impossíveis e inexistentes, exceto para aqueles que neles acreditam. Acredito que muito do que experimentamos, quer queiramos ou não, está num imenso, galácteo, monstruoso e dragônico labirinto do que se chama "pensamento ocidental". estamos perdidos e achados neles. vc, eu, o seu zé da rua, Voltaire, aquele indiano da foto da BBC, Boaventura, Lula, Decartes, são paulo, platão... esse labirinto porém, possui paredes que são formados por diferentes materiais: mercadorias, escravos, histórias, dinheiros, teorias, religiões, sangue, minas, grades, cercas, alimentos, racismos, cimento, gás lacrimogênio, petróleo, ouro, diamantes, amantes, olhos, leite condensado, armas, ossos, plantas e animais. as vezes nos detemos ante as limitações, as vezes ousamos trans-passá-las, as vezes nem vemos que tais paredes e limites existem, e somente percebemos quando entramos em atrito. este labirinto não exite teto, tampouco chão, mas olhado para cima não vemos nada além de uma penumbra.. é o futuro.. o que será que há lá em cima? Deus? olhando para baixo, vemos a nós mesmo, ou melhor, o prolongamento infinito de nossas pernas, o que será que há lá embaixo? Nós? a fuga de nós mesmos? bom, alguns dizem que este chão é a base material, e que nos ultimos séculos esse chão seria algo do tipo kapitalismus ocidentalis, uma trepadeira que só dá no chão e nas costas de pobre. achamos que dependemos totalmente dela, e sem ela cairíamos num abismo sem fim, e ela nos faz acreditar nisso. mal sabemos que pisamos nela e que sobreviveríamos tranquilamente sem ela.

para além da metáfora, estamos imersos, sem perspectivas de sair, num labirítico mar de transformações tecnológicas e simbólicas, que já dura algusn séculos. toda a história que vc conhece por meios de livros, tv, fatos, fotos foi e é reiventada, ou seja, o passado, da forma que nós conhecemos, fala mais do presente do que do "passado em si". o passado é fruto do nosso presente, talvez muito mais do que o futuro, terreno das incertezas.

se buscarmos utopias (qu'est-ce que c'est utopie?) com valores e signos da modernidade, iremos onde? se os relegarmos, onde iremos?

sei lá, o que me parece hoje tão claro é que temos o poder de fazer escolhas, e... bom, não estendo isso para o mundo inteiro, nem....

enfim, "mundo" é uma representação ocidental recente que não quer dizer muita coisa para muita gente. "deus" já significa mais coisa. "ciência" quer dizer o mesmo que deus, só que feito por homens. "celular" significa algo que é outra coisa do que realmente é. "dinheiro" não significa nada se vc não tivé-lo, tampouco vc significa algo.

liberdade, o que é? defina-a apresentando 5 argumentos de 5 grandes pensadores e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

justiça, o que é?defina-a apresentando 10 argumentos de 5 grandes pensadores ocidentais e 5 orientais e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

paz, o que é e o que talvez seja? defina-a apresentando 100 argumentos de 50 grandes pensadores ocidentais e 50 orientais e 20394 pensadores pobres de no mínimo 75 nações (30 africanas) e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

amor, o que não é? defina-a com relatos pessoais e fantasias

democracia representativa e participativa, o que é? defina-a apresentando 5 argumentos de 5 grandes pensadores e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

Deus, quem somos nós? defina-nos apresentando 5 argumentos de 5 grandes pensadores e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

Crença, o que acreditamos ser isso? defina-a apresentando 5 argumentos de 5 grandes pensadores e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.

Pensamento e Dúvida... pensando bem, será que eles realmente existem? defina-os apresentando 5 argumentos de 5 grandes pensadores e escolha um deles para fazer uma resenha e um para defender em seu ponto de vista.


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a crença de que nascemos para sermos felizes é recentíssima e decorre de uma psicologização vulgar de correntes filosóficas, que mais atende aos ditames do capital do que a alma inquieta humana. nenhum ser humano consegue ser eternamente feliz, uma porque não é possível, outra porque seria um tédio total. a felicidade não deve (porque nunca foi) ser vista como um fim, principalmente porque este "fim" é ilusório e é muito mais um meio para reprodução dos fins do sistema. o fim também não pode ser o humano, pelo simples fato de nós sermos tal, e não podemos termos como medida. o fim deve ser transcendental, para usar uma palavra sinistramente ocidental. para ser mais ocidental ainda, o fim deve ser "para além da transcendentalidade", no terreno do além do possível e impossível. possibilidades e impossibilidades são meios pelo qual alcançamos o fim. e, como diria "o teatro mágico", o fim é "belo e incerto, depende de como vc vê", logo, deixemos a "onda levar todo esboço da idéia de fim", pois a "Idéia de fim" também é um meio, como a utopia. A idéia de Deus também seria um meio para um fim...

fim...


"no fim, tudo dá certo. se não deu certo, é porque não chegou o fim". fernando sabino

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