sexta-feira, 30 de maio de 2008

voyages

mais além...
 
 
já escutastes a musica do lenine "mais além.."
 ainda estou na viagem tipo a q se teve ao escrever esta musica
 

Mais Além

Lenine

Composição: Lenine, Bráulio Tavares, Lula Queiroga e Ivan Santos

A leste das montanhas da nação Cherokee
Um índio na motocicleta cruza o deserto
Ao longe o cemitério onde dorme o pai,
Mas ele sabe que seu pai não está ali,
É mais além
Mais além)
A linha que separa
O mar do céu de chumbo
A gaivota caça o peixe radioativo
O náufrago retém a última miragem
E morre como se continuasse vivo
É mais, é mais além
(Mais além)
Um pouco de exagero, não é nada demais
Um olho nas estrelas, outro olho aqui
O astrônomo lunático
Brincando com o sol
Descobre que a distância
Não é mais do que um cálculo
É mais, é mais, é mais além
(Mais além)
A lua metafísica na poça de lama,
Ponteiros que disparam
Ao contrário das horas
Hora de saber o que mudou em você,
Que olha no espelho e não vê ninguém
É mais, é mais, é mais, é mais além
(Mais além)
O homem sobre a areia como era no início
Roçando duas pedras, uma em cada mão
Descobre a fagulha
Que incendeia o paraíso
E imaginou que havia inventado Deus
É mais, é mais, é mais, é mais, é mais além
(Mais além)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

LIBERDADE, AINDA QUE... EM MINAS


O Professor Fernando Massote teve, em 8 de dezembro último, uma longa conversa telefônica com a jornalista Annie Gasnier, correspondente do jornal francês Le Monde, sobre o governador Aécio Neves. O artigo saiu no dia 03.01.07 em Paris, com destaque na página internacional do jornal (em francês).
O ápice do texto está nas considerações críticas que o professor faz ao governador, às orientações e práticas políticas do seu governo… Estas considerações começam com a pergunta: “Com quais idéias para governar o País este filhinho de papai vai enfrentar o seu adversário (José Serra)?”
As demais considerações, sobre as mistificações do “Choque de gestão”, a maquiagem do “déficit zero” e as pressões sobre a mídia e o “beneplácito” desta para com o governador, os leitores podem acompanhar lendo a íntegra do texto, na versão portuguesa, logo abaixo.
Os principais órgãos da imprensa, favoráveis à política das elites mineiras que defendem o nome de Aécio Neves para a presidência da República, divulgaram o fato da entrevista do jornal Le Monde, omitindo da forma mais completa as críticas contidas na matéria e pinçando aqui e lá, sobretudo na primeira parte do texto, elementos cuidadosamente costurados para favorecer Aécio. É assim que para o grosso da imprensa, sobretudo mineira, a matéria do jornal francês não só não continha critica alguma, mas apresentava Aécio Neves com um perfil de predestinado!…
Os leitores do nosso blog, lendo a íntegra da matéria, poderão se dar conta da dimensão dessa “operação silêncio” e assim, do esmero com que Aécio Neves está blindado pela “grande”imprensa mineira sob os aplausos mais ruidosos das pontas mais conservadoras e socialmente insensíveis da elite mineira e nacional. Mobilizam-se, no entanto, em outra direção, pessoas, grupos, organizações da sociedade civil, com o apoio de rádios, tvs comunitárias, jornais impressos e outras mídias como os e-mails e blogs na internet, refletindo os interesses e a opinião de uma outra Minas Gerais, integrada pela gente simples e necessitada de uma vida melhor entre os jovens, as mulheres, os trabalhadores.
Eles são a grande maioria excluída e chegam a pontas muito sofridas da classe média; padecem sob a desordem econômica, social e política de uma sociedade abandonada a si mesma pelas elites do “choque de gestão” e do “déficit zero”. Eles lutam por uma vida muito diferente sob o teto da criminalidade zero, do analfabetismo zero, da injustiça zero, da violência policial zero, do déficit zero de moradias, do saneamento básico, da desasistência à saúde, desemprego zero!… É essa outra Minas Gerais que nos interessa e queremos escutar, interpretar, apoiar. Sem ela não há paz, segurança, república,liberdade e democracia!
Comitê de amigos do Blog do Massote
Jornal Le Monde, 03.01.07
Aécio Neves na disputa pelo pós-Lula
Annie Gasnier
O seu sorriso charmoso, enquadrado por covinhas, suscita uma simpatia espontânea. Em 1º de outubro, este sorriso refletia o orgulho: o jovem governador de Minas Gerais foi reeleito com 73% dos votos. Um resultado que mais parece um plebiscito de aclamação para o seu segundo mandato, para o qual Aécio Neves acaba de tomar posse neste início de janeiro.
Este homem de 46 anos, do Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB), estima que ele deve esse sucesso à sua gestão. Há quatro anos, o seu Estado, o segundo do Brasil pela sua riqueza, estava à beira da falência. Hoje, o seu orçamento está equilibrado. “Aqui, você encontra um verdadeiro laboratório de gestão pública”, afirma com orgulho Aécio Neves. “O nosso choque de gestão consiste em reduzir as despesas, modernizando ao mesmo tempo a administração pública”.
A sua reputação de gestor já se espalhou muito além das fronteiras de Minas Gerais. Os emissários de novos governadores comparecem em peso para aprender a receita que foi aprontada nesta nova Meca, Belo Horizonte, a sede das autoridades. Em março, o governador irá detalhar o seu método perante uma platéia de grandes investidores do Banco Mundial, em Washington.
Aécio Neves parece estar considerando com certo alívio o fato de mobilizar finalmente o interesse pelos seus programas. Ao que tudo indica, chegou a hora de colher os frutos do trabalho e conquistar uma fama maior para este descendente de uma família que se dedica à política há décadas. Até então, a sua imagem era ofuscada por uma sombra, engrandecida pelo tempo, a do seu avô.
Tancredo Neves foi o presidente que os brasileiros haviam escolhido, em 1985, para pôr fim ao regime militar que perdurava desde o golpe de Estado de 1964. Aos 74 anos, este hábil político de sorriso jovial havia unido na sua esteira as diversas correntes da oposição formadas durante a ditadura. Mas ele morreu antes de poder prestar juramento, no final de uma longa agonia que havia emocionado a nação inteira.
“Caso Tancredo tivesse governado, o Brasil seria bem diferente. Ele tinha a autoridade moral necessária para efetuar as reformas que o país está esperando até hoje”, afirma o seu neto, que está folheando a biografia colocada sobre a mesa do vasto salão onde ele recebe seus convidados. Ele aponta para as fotos que o mostram ao lado do seu avô, que fizera dele o seu secretário particular quando ele era - ele também - governador, neste mesmo palácio das Mangabeiras. “Foi um privilégio poder trabalhar com ele; ele continua sendo uma inspiração permanente”.
Em Minas Gerais, contam que Tancredo Neves acreditava na “boa estrela” do jovem diplomado de economia, e deu-lhe preferência em detrimento da sua irmã primogênita, Andréia, que se tornou uma colaboradora privilegiada - porém temida - do seu irmão. Na ausência de uma esposa, uma vez que Aécio Neves é divorciado, ela é oficiosamente a primeira-dama.
“Aécio traz consigo não só a herança de uma família”, estima o jornalista Franklin Martins, “como também aquela da principal escola política do Brasil”, diz, lembrando que existe uma extensa lista de presidentes mineiros. Os eleitos de Minas Gerais têm a reputação de ser conciliadores; Aécio Neves ilustra este ditado ao pretender combinar social-democracia com sensibilidade social. A imprensa não se cansa de observar “a sua relação cordial” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governador social-democrata não nega essa empatia; ele se recusa a ser um anti-Lula. Ele lembra que ele conhece o presidente há mais de vinte anos: “Um antigo sindicalista cuja história constitui um exemplo para milhões de Brasileiros”.
Ele acrescenta que Lula em várias oportunidades esteve sentado aqui para conversar. “São as idéias que se enfrentam, não os homens”, explica Aécio. Ele ainda acrescenta que ele não se furta a denunciar o governo federal.
Movido pela mesma diplomacia, Aécio Neves ambiciona renovar o seu partido, que foi severamente derrotado na eleição presidencial pelo Partido dos Trabalhadores. Ele propõe melhorar a implantação regional do PSDB, uma maneira de desafiar os eleitos de São Paulo, que nos últimos quinze anos seguem dominando a direção nacional. Mas, cedo ou tarde, ele precisará enfrentar um obstáculo sério: José Serra, um antigo ministro e um antigo candidato à presidencial contra Lula em 2002, atualmente o governador do rico e poderoso Estado de São Paulo. Os dois homens compartilham a qualidade de presidenciável.
“Com quais idéias esse filinho de papai irá enfrentar este adversário?”, se pergunta Fernando Massote, um professor de ciências políticas na Universidade Federal de Minas Gerais. “Ele não passa de um aventureiro que não defende valores importantes para uma nação”. Para ele, o governador mineiro representa “a direita conservadora a serviço de uma elite favorável à privatização de todos os serviços”. A sua opinião vem se acrescentar àquela dos críticos para os quais o “choque de gestão” do governador não passa de uma “simples variante do Estado mínimo”, e o “déficit zero” de uma simples maquiagem.
Um admirador do avô, Fernando Massote tornou-se um adversário implacável do herdeiro, a quem ele atribui a responsabilidade pela sua demissão do jornal local, o “Estado de Minas”. Após 23 anos de colaboração com esta publicação, o seu último artigo opinativo, de tom acerbo, contra Aécio Neves, foi censurado. Assim, outros jornalistas teriam sido demitidos em circunstâncias similares, o que incitou o sindicato dos jornalistas mineiros (SJPMG) a condenar “o autoritarismo do governador”.
Na Internet, o documentário intitulado “Liberdade, essa palavra”, realizado por estudantes em jornalismo de Belo Horizonte, denuncia as pressões que têm sido exercidas pelo entourage do governador.
Um editorialista de um diário nacional se diz espantado com a complacência dos veículos de comunicação da qual beneficia Aécio Neves, que ele conheceu muito bem quando era deputado no Congresso em Brasília durante 16 anos. “Eu gostaria de poder avaliar a sua política à luz de uma imprensa livre”, confessa o jornalista, que pediu para não ter o seu nome revelado.
Poupado pela imprensa política, Aécio Neves é paparicado pelas revistas dedicadas às celebridades, que capricham na elaboração de uma imagem de play-boy. Em 2002, ele foi eleito “um dos 25 homens os mais sexy do Brasil” pela revista “Isto É Gente”, que o descreveu como “um solteiro charmoso, poderoso e inteligente, que faz sucesso na noite carioca”.
Aécio Neves adora passar os fins de semana no Rio, “quando a minha agenda permite”. Ele passou a sua adolescência nesta cidade balneária, onde vive a sua filha Gabriela; um dos seus amigos é o “rei da noite carioca”, Alexandre Accioly, nas festas de quem ele costuma comparecer, trajando calças jeans e camisa, conforme testemunham as revistas.
Para aqueles que já o vêem suceder ao presidente Lula, em 2010, Aécio Neves reserva um sorriso brincalhão. “Ser presidente não é um plano de carreira, e sim uma questão de destino”, explica ele, provavelmente pela enésima vez. Mas o destino parece estar sorrindo para Aécio Neves.
Tradução: Jean-Yves de Neufvill

Re: [conexoesufmg] palavras

Perguntas sem respostas entristecem quem busca um maior entendimento relacionado a assuntos diversos. Manifestação é uma bela forma de busca por interesses coletivos. Sem elas não teríamos um país democrático como o nosso. Porém, gostaria imensamente de obter uma resposta para as perguntas feitas anteriormente. Vou tentar novamente: Eu sou negro e estudei toda minha vida em escola pública. Meu vizinho, que é "branco", estudou na mesma escola que eu, inclusive, na mesma sala. Este ano prestaremos vestibular para a UFMG. Por que eu tenho 5% a mais de bônus que ele? Tivemos as mesmas condições educacionais, deveríamos ter direitos iguais. Por favor, me dê uma resposta simples, pois do contrário, vou pensar que quem apóia o bônus acredita que o negro tem um Q.I. abaixo dos demais. E a escola plural, qual a sua opinião? Em que ela difere do bônus? Se não puder responder é porque sua causa não tem fundamento. Qual é sua ideologia? Não seria o bônus uma estupidez devido ao preconceito embutido? Gostaria de uma resposta que seja fruto do seu próprio raciocínio, não tirada de recortes ou pensamentos alheios. Um abraço,

quarta-feira, 28 de maio de 2008

ATÉ A MARIE CLAIRE JÁ ADMITIU: CABELOS CRESPOS NA CABEÇA! VALORIZE OS SEUS! ALISAR, JAMAIS!


A maioria das mulheres com cabelos crespos sonha com alisamentos definitivos e acredita que a rotina de beleza é mais fácil para quem tem cabelos lisos. Já os cabeleireiros que amam volume, textura e sabem domar os fios são fãs incondicionais dos caracóis. “Antigamente era preciso alisar os cabelos, porque não existiam produtos eficientes para fios crespos. Agora a situação é diferente, e é possível assumir a naturalidade dos crespos e valorizá-los”, diz Eron Araújo, do salão C. Kamura. Outro defensor dos cachos é o cabeleireiro Wilson Eliodório, responsável pelo look das fotos: “É preciso descobrir o volume do próprio cabelo e brincar com isso, em vez de tentar escondê-lo”. Para o cabeleireiro Celso Kamura, a grande novidade nessa área é que os crespos estão mais do que nunca na moda...
CONFIRA AQUI O RESTO
...
PS: só não ligue pra modelo branca que tá na foto da página.. nem tudo é perfeito e anti-racista..

CABELOS CRESPOS, SAIBA COMO VALORIZAR-SE!


Matéria realizada pela Revista Raça com Fernando Fernandes

Para quem tem cabelos encaracolados e quer manter o visual bem natural, o cabeleireiro Fernando Fernandes aconselha o seguinte procedimento: umedeça os fios com água e aplique um creme leave-in (sem enxágüe) com protetor solar, que protege e condiciona os fios. "Faça uma hidratação por mês no salão e duas por semana em casa. Eu indico o creme Hair Repair da Style Curly-Ponto 9". Atenção: com esse produto é proibido usar touca térmica.O cabeleireiro diz que a hidratação feita em casa, uma vez por semana, é fundamental para manter os cachos. Mas é preciso aplicar de maneira correta. "Separe o cabelo em mechas e aplique o creme massageando bem os fios. Não passe o produto no couro cabeludo, pois entope o bulbo capilar", ensina ele. Para manter a permanente, use gel específico para ativar os cachos. O procedimento de limpeza dos cabelos é importantíssimo: use xampu apenas uma vez. Segundo Fernando, é um exagero reaplicar o produto. "Cabelos crespos devem ser lavados apenas duas vezes por semana. Para manter o corte em dia, apare as pontas a cada três meses", diz ele. Para o cabelo curto, com 1.5 a 2 centímetros de comprimento, o cabeleireiro Fernando Fernandes diz que o ideal é fazer uma texturização. "É um relaxamento leve, que dá forma aos fios, deixando-os menos ondulados a partir da raiz." Para proteger o couro cabeludo, ele indica a aplicação do Grocomplex 3000, pomada da Luster´s Pink. E para completar o visual, aconselha a aplicação de um tonalizante Color Touch, da Wella, que ajuda a realçar os fios. O cabeleireiro de São Paulo indica, para suas clientes o xampu americano Avlon, especial para cabelos crespos. Além de lavar, esse produto desembaraça os fios. "Para conseguir melhores resultados, isso deve ser feito debaixo do chuveiro com pente de dentes largos. Depois do enxágüe, o ideal é passar um creme leave-in (sem enxágüe). Os Leave-in Emulsão e o Leave-in Hair Dress da Style Curly-Ponto 9, estão entre os melhores", garante Fernando.

o guesa errante - teatro ..

Meu(minha) querido(a) amigo(a)...
Vamos apresentar o espetaculo O GUESA ERRANTE nos dias 29 e 30 às 19:30 no Galpão Cine Horto, Rua Pitangui, 3613 - Bairro Horto (esquina com Av. Silviano Brandão). Como parte do Rede Teia. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados uma hora antes, no local.
Mais informações no :www.redeteia.blogspot.com
 
 Agora a letra do nosso samba enredo
pra você cantar junto no espetáculo:

"O G.R.E.S. ACADÊMICOS DO MAKENEYÁ
SAÚDA O PÚBLICO PRESENTE E PEDE PASSAGEM
PARA APRESENTAR O SEU ENREDO:
"EIA IMAGINAÇÃO DIVINA! O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR E,
COM OU SEM PEDRA NO MEIO, O TROPEÇO FAZ
PARTE DA JORNADA".

CHORA CAVACO!

AOS CÉUS SOBEM ESTRELAS
(Letra: Sousandrade / Música: Sérgio Nicácio)

Aos céus sobem estrelas,
Tupã-Caramuru!
É Lindóia, Moema,
Coema,
É a Paraguaçu;

De ema o beijo, trombejo
No agro, o flagro, o barão
Toilarias no globo do lobo
Da onça o cabro, o cabrão

Hieróglifos-mosaicos
São, do papa-maná
= alta lucubração,
Barracão;
Guarani, guaraná.

palavras

 
Não sei se porque estamos em maio, não sei se porque faz 40 anos de 68, não sei se porque o Ramón foi atingido por uma bala perdida, mas li um artigo num jornal e um pedacinho dele, em especial, me chamou a atenção:
 
"Esses balaços que pipocam pela cidade não têm ideologia, como certa vez tiveram paralelepípedos e bombas de gás lacrimogêneo em Paris e no mundo. Carecem de sentido. São produto da mesma estupidez que vem impedindo que manifestações e passeatas sejam realizadas num estado democrático de direito, sob reação quase inexistente da sociedade civil. Não são apenas os revolucionários de 68 que deveríamos superar e enterrar. Os reacionários também." 
 

SEJAIS CÍNICA!


O Cinismo foi uma escola filosófica grega criada por Antístenes, seguidor de Sócrates, aproximadamente no ano 400 a.C., mas seu nome de maior destaque foi Diógenes de Sínope. Estes filósofos menosprezavam os pactos sociais, defendiam o desprendimento dos bens materiais e a existência nômade que levavam.

A origem dessa expressão é um tanto controvertida, pois alguns pesquisadores crêem que ela provém do Ginásio Cinosarge, espaço no qual Antístenes teria edificado sua Escola, enquanto outros afirmam que ela deriva da palavra grega kŷőn, kynós, que significa 'cachorro', alusão à vida destes animais, que seria igual à pregada pelos cínicos. Aliás, o símbolo deste grupo era justamente a imagem de um cão. De qualquer forma, porém, ela se origina do grego Kynismós, passando pelo latim cynismu, e assim chegando até nossos dias. Hoje, através de desvios de significado, este termo se refere àqueles desprovidos de vergonha e de qualquer sentimento de generosidade em relação à dor do outro. Mas não por acaso, pois os cínicos desejavam se desprender de todo tipo de preocupação, inclusive com o sofrimento alheio.

Sócrates já expressava seu repúdio pelo excesso de bens materiais dos quais a Humanidade dependia para sobreviver. Ele tinha como alvo a verdadeira felicidade, para a qual nada disso era necessário, pois ela estava conectada aos estados da alma, não a objetos externos. Posteriormente os cínicos passaram a pregar justamente esta forma de viver, na prática diária. O nome de Diógenes, seu principal defensor, tornou-se praticamente sinônimo desta Escola. Segundo histórias antigas, ele encontrou-se com Antístenes assim que chegou a Atenas, mas este não queria a seu lado nenhum discípulo. Diógenes, porém, gradualmente convenceu-o do contrário.

Diógenes radicalizou as propostas de Antístenes, e as exemplificou em sua própria vida, com severidade e persistência tais que sua forma de agir atravessou os séculos, impressionando os estudiosos da Filosofia. Ele ousou quebrar a visão clássica do grego, substituindo-a por uma imagem que logo se tornou modelar para a primeira etapa do Helenismo e mesmo para o período do Império. Ele procurava um homem que vivesse de acordo com seu eu essencial, sem se preocupar com nenhuma convenção social, em harmonia com sua verdadeira forma de ser – somente esta pessoa estaria apta a alcançar a felicidade.

Para este filósofo, a existência submetida apenas à teoria, escrava das elaborações intelectuais, sem o exercício da prática, do exemplo e da ação, não tinha nenhum sentido. Assim, sua doutrina seguia na contramão da cultura, do saber racional, pois ele considerava as matemáticas, a física, a astronomia, a música e a metafísica – conhecimentos super valorizados na época – sem nenhuma utilidade para a jornada interior do Homem.

Ele radicalizava quando afirmava que as pessoas deveriam buscar seus instintos mais primários, ou seja, seu lado animal, vivendo sem objetivos, sem nenhuma carência de residência ou de qualquer conforto material. Assim, elas encontrariam seu fim maior – as virtudes morais. A este estado de desprendimento ele chamava Autarcia ou Autarquia. Os cínicos, mais uma vez seguindo o estilo de Sócrates, não deixaram nenhum legado escrito. O que se conhece sobre esta Escola foi narrado por outras pessoas, geralmente de um ângulo crítico.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Re: "Mídia e a Questão Racial"





 
 
 

 
 
3 de junho - 19h30
 
Debate: " Mídia e a Questão Racial"
 
Convidados

    

 Representante  da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

 (órgão da Presidência da República)

 

   Miro Nunes

Jornalista,  intergrante  da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial  do Rio de Janeiro.

 

Dalmir Francisco

Jornalista, autor da tese de doutorado Imprensa e Racismo no Brasil.  

 
 
Local: Espaço Cultural do SJPMG
 
Informações:
Av. Álvares Cabral, 400 - Centro BH - Telefone: (31) 3224-5011
 


CORPOPROCORPO


O campus Pampulha recebe, na próxima quinta-feira, 29 de maio, às 18h30, o Grupo Corpo. A apresentação, no gramado da Reitoria, integra o ciclo Sentimentos do Mundo e será composta por dois espetáculos: 7 ou 8 peças para um ballet e Benguelê. A entrada é franca.De acordo com o professor Maurício Campomori, diretor de Ação Cultural, o programa Sentimentos do Mundo surgiu no ano passado para comemorar os 80 anos da UFMG, mas, diante do seu sucesso, a Universidade decidiu continuar com os espetáculos no campus. "Nossa intenção é realizar uma apresentação de grande porte a cada semestre, como aconteceu em 2007 com os grupos Galpão e Uakti", anuncia CampomoriCoreografias - O espetáculo 7 ou 8 peças para um ballet (acima) nasce a partir de oito temas surgidos da parceria entre o instrumentista e compositor norte-americano Philip Glass e o grupo Uakti. Inspirado nas composições, o coreógrafo Rodrigo Pederneiras desvencilha- se do rigor formal que marca suas criações para construir uma obra despojada, em que a partitura de movimentos surge como uma série de esboços, apontamentos ou estudos para uma coreografia.Benguelê (ao lado) incorpora sequências de capoeira e gestos das danças de festas de São João e dos Congados à dança contemporânea. A coreografia é de Rodrigo Pederneiras, com trilha sonora do compositor João Bosco.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

+ DE 3 MIL VISITAS DE VÁRIOS CANTOS DO MUNDO!! É O BLOG SABERES A CONECTAR!!!

É COM FELICIDADES QUE CHEGAMOS AO 3° MILÉSIMO ACESSO!!!!! E COM A CONFIRMAÇÃO DAQUILO QUE DESCONFIÁVAMOS:

POR PESSOAS DO MUNDO TODO ACESSAM NOSSO BLOG!!!!!!!! OBSERVANDO E CLICANDO NO NOSSO MAPA-LOCALIZADOR DE ACESSOS ( NO CANTO DIREITO DO BLOG, UM MAPINHA), VC PODE VER DE ONDE ESTÃO ACESSANDO NOSSO SITE!!!!!!!!!





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Rudolf, do mestiço trágico ao militante tosco

Rudolf, do mestiço trágico ao militante tosco
19 Maio 2008

atabaque press

O estereótipo do mestiço trágico (tragic mulatto) tem uma forte referência no cinema norte-americano do início do século XX que o dissemina com eficiência para o mercado latino-americano já sob forte influência da cultura da mídia dos EUA como um tipo marcado pela ambiguidade e pelo conflito por sua origem racial.
Este tipo se desenvolve no melodrama como uma espécie de realização macabra da previsão da ciência eugenista no entre séculos XIX-XX que tentava assim justificar a hierarquia da raças e a pureza genética do europeu corrompida pelo sangue negro e índígena nas Américas.
Tonando-se um personagem típico e adequado ao popular estilo melodramático que perdura na mídia até os anos 50, quando passa nos EUA a ser contestado pelo movimento negro norte-americano fortalecido pelo período do pós-guerra.
Como principal produto da televisão brasileira as telenovelas contam com uma audiência diária de milhões de expectadores, mas, ao contrário do que se poderia supor, de que as suas histórias refletissem os conflitos, dramas e esperanças da população, não é o que ocorre.
O ideal de sociedade promovido pela televisão brasileira continua projetando um modelo de branqueamento da sua população baseada nos princípios eugenistas do século XIX, além do elistismo cultural e social que contextualiza a maioria de suas produções.



Rudolf Stenzel é o nome do personagem negro interpetado pelo ator Diogo Almeida na novela Duas Caras da TV Globo.


Rudolf é um personagem negro peculiar, ele se sente culpado por ser rico e se apresenta como estudante "pobre e carente" do Vidigal para ser aceito como um líder estudantil de esquerda numa universidade privada.
Por ser negro se protege das possíveis manifestações explícitas de racismo carregando um gravador. Sua família não aparece, sabe-se apenas que seu pai é um alemão ou holandes (na fala do personagem) e sua mãe uma mulher negra.
Rudolf é um militante no estilo anos 70, cabelo black power que usa um discurso estudantil de esquerda e que tem sua identidade de rico ameaçada por Ramona uma jovem branca de classe média sua adversária na política estudantil e por quem se sente atraído.
O personagem Rudolf é definido por umas poucas imagens e sua marca é o conflito entre as identidades de negro e rico.


terça-feira, 20 de maio de 2008

revista áfrica e africanidades

Data: Sun, 18 May 2008 20:50:54 -0300

De:África e Africanidades
africaeafricanidades@gmail.com
Assunto: Revista África e Africanidades

Prezados,
No último dia 13 de maio, na Central do Brasil,
foi lançada a Revista África e Africanidades. O
periódico é trimestral e traz aos leitores
artigos, resenhas, opiniões e colunas sobre a
temática africana e afro-brasileira.

No período de 20 de maio - 30 de julho artigos,
resenhas e opiniões poderão ser encaminhados ao
conselho editorial da Revista para avaliação e
composição da 2ª edição da Revista África e
Africanidades que será disponibilizada em
Setembro.
Para conhecer acesse:
www.africaeafricanidades.com

segunda-feira, 19 de maio de 2008

segundo Regina Maria de Souza...

"Nessa perspectiva, a resistência – e seus efeitos transformadores – é a contraface do poder. Bom lembrar também que cada um de nós, como intelectuais que também somos, faz parte dessa rede de poderes que barra, proíbe, invalida ou legitima essa ou aquela estratégia de saber-poder. Portanto, sofremos e praticamos, permanentemente, estratégias de exclusão/inclusão entre nós – compomos associações e sociedades de pesquisa, estabelecemos fronteiras e/ou oposições com outros grupos – fabricamos, assim, o que nos é estrangeiro. Essa fabricação nos é, por outro lado, produtiva ao menos por dois motivos: firma a identidade grupal e inscreve a produção de conhecimento no espaço tenso de alianças e oposições epistemológicas"

a criação dos seres humanos..


a partir do século XVIII, o estudo dos seres humanos passou a ser feito de uma outra maneira, pois estes "[...] vieram a ser interpretados como sujeitos de conhecimento e, ao mesmo tempo, objeto de seu próprio conhecimento [...]" (DREYFUS; RABINOW, 1995, p. XV). As ciências humanas, a partir daquele século, reagiram em duas linhas metodológicas à fenomenologia, seja a transcendental, seja a fenomenologia de Husserl, pois ambas herdam mas procuram transcender a divisão kantiana sujeito–objeto ao procurar suprimir a noção de existência de um sujeito transcendental doador de sentido. Uma dessas reações é a abordagem estruturalista, que elimina o sujeito e o sentido ao buscar as regras objetivas que determinam a atividade humana; outra, a hermenêutica de Heidegger, que procura recuperar significados e verdades vindos de nossas práticas cotidianas, de outras culturas e épocas, para compreender o homem não como sujeito doador de sentido, mas como sujeito que preserva o sentido ao situá-lo nas práticas sociais.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Bônus pode igualar acesso de alunos de escolas públicas e privadas à UFMG

Bônus pode igualar acesso de alunos de escolas públicas e privadas à UFMG
sexta-feira, 16 de maio de 2008, às 16h41
De acordo com estudo feito pela Pró-reitoria de Graduação da UFMG, o bônus do vestibular aprovado pelo Conselho Universitário da universidade vai ampliar o acesso a estudantes de escolas públicas em cerca de 15%. Isso significa que, de 35%, os ingressantes provenientes de instituições públicas de ensino vão corresponder a 50% dos aprovados, igualando-se aos de escolas privadas. O estudo foi feito com base nos números do Vestibular 2006 e não inclui a simulação da entrada de negros de escolas públicas na universidade. O bônus foi aprovado na reunião do Conselho Universitário da última quinta-feira, 15 de maio. O mecanismo concede um adicional de 10% na pontuação obtida no vestibular a candidados que freqüentaram escola pública da 5ª série do ensino fundamental ao último ano do ensino médio. Também foi aprovado o acréscimo de 5% ao bônus se o candidato se auto-declarar negro. Isso significa que os afrodescendentes estudantes de instituições públicas nos últimos sete anos da educação básica vão ter sua pontuação aumentada em 15%. O benefício entra em vigor no próximo vestibular. Os acréscimos de 10% e 15% vão ser concedidos nas duas estapas do concurso. De acordo com o reitor da UFMG, professor Ronaldo Pena, a medida difere da política de cotas porque não é a simples reserva de vagas. "O bônus depende da nota que o aluno da escola pública tira, o que valoriza o mérito do estudante que se aproxima da aprovação". O reitor ressalta que o bônus vai equilibrar as condições de competição entre alunos de escolas públicas e privadas, sem prejudicar os estudantes de instituições privadas. "Pensando em termos de políticas públicas, teremos um país mais justo, com mais oportunidades e menos violência", comenta. Universidades como a de Campinas (Unicamp), a de São Paulo (USP), a Federal Fluminense (UFF) e a Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) já adotam sistemas semelhantes. A comprovação dos estudos em escola pública será feita por meio do histórico escolar do candidato. Mas, a Comissão Permanente de Vestibular da UFMG (Copeve) ainda não definiu como e quando a entrega vai ser feita. No formulário de inscrição, o candidato já declara sua trajetória escolar e a raça a qual pertence. Segundo o pró-reitor de Graduação, professor Mário Braga, é provável que o questionário seja reformulado e que algumas perguntas sejam incluídas. Para que mais candidatos de escolas públicas tenham chances de se inscrever no Vestibular 2009, o prazo para o pedido de isenção da taxa de inscrição será reaberto na próxima segunda-feira. O pedido de isenção poderá ser feito até 15 de junho. As inscrições para o Vestibular acontecem entre 10 de agosto e 15 de setembro.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

quando a inclinação da coluna diz sobre as subjetividades..







como vc se porta? como é a sua coluna? vc anda com ela esticada? já pensou nisso? talvez a inclinação dela pode dizer muito sobre como vc percebe a vida e as relações de poder.


cada dia mais percebo que existe um ponto da coluna (um só?) que, se alterado, muda toda a coluna, toda a postura corporal, e as vezes a nossa postura diante das pessoas, portanto afeta de certa forma nas relações de poder. isso porque aqueles indivíduos que carregam sobre si os próprios fardos e os fardos dos outros, de uma sociedade, de opressões, de prisões, decepções, anda com a coluna 'curvada'.. é fácil de se notar..


este ponto são aquelas vértebras que ficam entre a região "lombar" e "dorsal" do corpo...


pense nisso..

ANIVERSÁRIO DA LU SOUZA (EIXO 1) + ANIVERSÁRIO DO CONEXÕES!!!! A FESTA!!!!!

Oi Pessoal...
Meu aniversario esta chegando e resolvi bebemorar esse sábado, dia 17/05...vai ser no "Tudo na Brasa" no planalto a partir das 20:30...la tem cerveja gelada, espertos, porçoes e coisas de bar a um preço bacana...

Espero vcs pra comer bolo comigo...
ass.: maria de souza, luciana
***
ahá.. uhú..

Da Série: "1 ANO DO NOSSO CONEXÕES" -- Momentos Épicos...

os olhares dizem tudo..


luís gama


Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade.

(Luís Gama)

Grandes Mulheres do nosso Povo: Dona Lindaura


gostaria de fazer uma grande homenagem a essa personagem da história e do cotidiano da etnia Mina, da raça negra do Brasil:
DONA LINDAURA

Esta linda mulher negra foi também uma vitoriosa em seu tempo. nascida nas minas gerais do início do século vinte, neta de revoltosos malês refugiados nas montanhas mineiras, filha de capoeirista experiente, ela conseguiu constituir uma forte personalidade que lhe permitiu superar as barreiras fortes impostas às mulheres, aos pobres e principalmente à mulher negra, pobre, analfabeta, divorciada. nunca aceitou um marido machista, e por isso mesmo teve que separar várias vezes, para manter sua liberdade e sua vida. nos padrões atuais isso parece normal, mas não era na sociedade mineira da metade do século.

Acreditava que todos seus filhos homens (ela teve um número alto de filhos, comum naquela época) deveriam ter um terreno para cuidar de suas famílias, e para que isso ocorresse, ela, por conta própria, trabalhou muito para comprar lotes em várias áreas da crescente metrópole belorizontina. Ela era uma mulhe inteligente, estrategista. sabia onde comprar lotes, porque conseguia, de maneira única, perceber as tendencias urbanas.

Dona Lindaura foi uma mulher do campo, e da cidade. sempre valorizou os saberes que aprendera na roça, e os aplicou na dura vida da cidade. o aprendizado da vida urbana e as lições rurais lhe serviam para criar seus filhos com sabedoria. ela nunca desistiu, e , até seus ultimos dias ela lutou, discutiu, trabalhou, chorou, sorriu... sua face ora alegre, ora irada, refletia aquela alma que brigou muito para estar ali. nunca ficou parada em um lugar, e em um tempo, sempre soube que agir era a melhor forma de viver. nas suas ações ela resistia aos poderes que tentavam pulverizá-la.. ela conseguiu..

As maçãs que ela me trazia quando vinha do centro da cidade são memórias indescritíveis e prazeirosas de se lembrar.. ela sempre traziam balas abraços e sorrisos para mim. ela foi um símbolo de resistência da mulher negra mineira, e transmitiu para mim que a vida de negro nessa cidade não é fácil.. " ser livre não é fácil..."

Estas linhas não resumem várias páginas e livros que necessitam (será?) ser escritos sobre essa mulher. Mas é um início.. é uma homenagem a uma mulher que não esqueceu seus antepassados, suas origens, e seus herdeiros, sua descendência.. na conquista das terras para seus filhos, fez o que os "pseudo-abolicionistas" e os políticos não fizeram na abolição: dar um chão "àqueles a quem um dia foi negado o sol". Ela, na transcendência de seus atos, trazia à vida a luta de nossos antepassados pelo chão sagrado. Sagrado porque ele foi criado por nossos Deuses, porque nele vivem quem amamos, nossa ascendência e nossa descendência, porque nele encontramos nosso lugar de descanço e nele planejamos nossas estratégias de resistência, nele cantamos, comemos, corremos, brincamos, marcamos nosso campo pra jogar bola.. nele existimos enquanto nós...

salve Dona Lindaura, minha vó.. salve nossos antepassados...

(continua...)

É inútil Revoltar-se?



"Mas não concordo com aquele que dissesse: "inútil se insurgir, sempre será a mesma coisa". Não se impõe a lei a quem arrisca sua vida diante de um poder. Há ou não motivo para se revoltar? Deixemos aberta a questão. Insurge-se, é um fato, é por isso, que a subjetividade (não a dos grandes homens, mas a de qualquer um) se introduz na história e lhe dá seu alento. Um delinquente arrisca a vida contra castigos abusivos; um louco não suporta mais estar preso e decaído, um povo recusa o regime que o oprime. Isso não torna o primeiro inocente, não cura o outro, e não garante ao terceiro os dias prometidos. Ninguém, aliás, é obrigado aq ser solidário a eles. Ninguém é obrigado a achar que aquelas vozes confusas cantam melhor do que as outras e falam da essencia do verdadeiro. Basta que elas existam e que tenham contra elas tudo o que se obstina em fazê-las calar, para que faça sentido escutá-las e buscar o que elas querem dizer. Questão moral? talvez. Questão de realidade, certamente. Todas as desilusões da história de nada valem: é por existirem tais vozes que o tempo dos homens não tem a forma da evolução, mas justamente a da "história"." M.F.

terça-feira, 13 de maio de 2008

depois de 120 anos, mais uma medida pós-escravagistas... para isso, resistamos! dia 15 de maio, 12h, frente á reitoria...cotas já!

conversando com o thiago e a mona do feop, propus para que trabalhassemos, além dos tradicionais cartazes, faixas e reivindicações por meio de megafones e tal, com uma dimensão mais da cultura da africa que sonhamos e do brasil que queremos. não será, porém, a realização de um "momento cult-tural afro", algo para ser mostrado para fora ou para ser exibido, enxertado entre a programação. mas a realização de um ritual mesmo, de um ou vários momentos onde a mística seria a tônica. onde expressaríamos o sentimento coletivo e de uma nova sociedade pela arte, espiritualidade, poesia. será um momento onde os movimentos, que ora são articulados, ora estão desarticulados, olharão para si próprio, e para a ancestralidade guerreira que marca a presença do negro neste país. somos herdeiros de um passado de guerra e confronto, feito de revoltas e lutas contra o sistema escravagista, veja as revoltas da chibata, dos malês, dos haussás... acredito -infelizmente - que vivemos em uma sociedade pós-escravagista discursivamente democrática, e contra isso também devemos confrotar, brigar, bater, avançar, ferir, vencer...

por isso propus que, entre várias intervenções estratégicas, as artísticas diriam de nossas vidas. para isso, pensei no momento em que cada um colocaria, com tinta etc, em cartolina, algo relacionado a 120 anos de uma sociedade pós-escravagista. tentar trabalhar as linguagens não-verbais..imagens, expressões, ações de resistências e ataque frente às opressões diarias e cotidianas que nos atormentam e nos fazem desistir de mudar.

pensar que...
deixa pra lá....
faria mais sentido para mim ficar uma, duas, três horas me expressando e refletindo e agindo nas relações de poder pela arte (arte engajada?), pela poesia, pelo convívio e troca de saberes, do que ficar estes tempos segurando faixas pra mostrar pra... um bucado de pessoas (o que pode não acontecer) certas frases de efeito que, no fim servirão na mesma coisa: tentar criar novas condições de possibilidade para o agir político. pintar, cantar, recitar, chorar, gritar diz mais Às subjetividades do que segurar por tempos uma faixa. eu já passei pelos dois casos e, acho isso. pelo menos é essa a minha proposta.

www.13maio.abolição.com.desigualdade


as pessoas que não são interessantes no Conexões

segue a lista abaixo das pessoas que não são interessantes pra conversar, viver, trabalhar, não necessariamente nessa ordem:

a) aqueles que chegam atrasados nas reuniões
b) aqueles que acordam mal-humorados
c) aqueles que não almoçam frequentemente
d) aqueles que fazem curso superior
f) aqueles que falam
g) aqueles que não tomam café da manhã
h) aqueles que não nos fazem rir
g) aqueles que chegam com blusas de tecido de linho ou de algodão
h) aqueles que falam alto e cantam sem saber cantar
i) aqueles todos mencionados acima
j) aqueles que almejam mestrado
k) aqueles que passaram no vestibular
m) aqueles que almejam trabalhar em emprego fixo ou não
n) aqueles que não se enquadram em nenhuma dessas categorias acima
o) aqueles chatos

"Temos as insurreições que merecemos" (Alain Badiou)



*por Animot


A França consegue produzir fatos racistas tão escrotos quanto os nossos, o que obviamente não é motivo de orgulho para ninguém. Numa carta enviada ao jornal Le Monde em 15 de novembro de 2005, e publicada no dia seguinte, o filósofo francês Alain Badiou conta algumas humilhações já sofridas pelo seu filho negro Gérard, de 16 anos.Em 18 meses o garoto foi preso 6 vezes, a primeira vez quando tinha 15 anos. A prisão dura de algumas horas a um par de dias. As vezes que tomou atraque da polícia na rua são incontáveis.Os motivos apresentados pelos policiais para as prisões são absurdos.


Por exemplo, o garoto é preso por 'probabilidade' de violência. Que diabo é isso?


A polícia pede às escolas que lhes forneça fichas com fotos dos estudantes negros, e só desses. Eis o racismo institucional agindo com plena eficiência. Se você quer motivo para se enojar com as instituições francesas, taí um prato cheio.O filho de Badiou não mora nos guetos de pessoas de origem africana. Lá a coisa deve ser ainda pior.Enfim, a revolta de jovens não-brancos na França era algo previsível, como reconhece Didier Fassin (em um texto disponível através do Portal de Periódicos da Capes). O triste é ver que talvez não tenha sido previsto por falta de interesse dos intelectuais, e também pela ideologia defendida pelos mesmos. Mas, agora que tal ideologia está nua, a coisa realmente deve ser repensada.Obviamente há muito dessa história que vale pra gente. Não temos um presente pós-colonial, tal como a França, mas temos um doloroso presente muito presente pós-escravagista. Enfim, há muito sobre o que se pensar, de preferência seriamente.



***


o pior é quando não a temos...

d.oh.

voto de cada manhã

meu rei, meu menino deus. meu ideal de beleza, de luta. o direito dele é o meu direito.
o inimigo dele é meu inimigo. ele não é mais ele, ele é eu. já somos um, mas eu não sou ele.

e então, eu acordo, respiro e faço meu voto do dia. não morrer, não me deixar morrer.. olho para trás, para meu passado, e me vejo herdeiro de um legado de lutas e conquistas. me vejo herdeiro de um voto antigo, feito pelos meus antepassados, voto de não deixar morrer minha descendência (logo não posso me deixar morrer) tampouco aqueles que se encontram na trincheira comigo. o voto guerreiro é revivido e reafirmado a cada manhã, ao nascer do sol, esse deus da guerra, do calor e da energia, que mesmo encoberto por nuvens nos ilumina. a trama da batalha é, dia após dia, mês após ano, década após século, cada vez mais detalhada, aperfeiçoada, minunciosamente diluída para dominar e vencer cada vez mais eficientemente. logo, as estratégias de combate e resistência devem ser também cada vez mais sensíveis a isso, ao mesmo tempo que não devem cair nas ciladas do desarraigamento espiritual.


sou herdeiro do voto. meu corpo ganha vida quando vive o voto. me re-conheço e re-conheço meu inimigo quando ritualmente realizo e revivo meu voto. Meu Deus é o Guerreiro, e o Deus de meu Deus é o Criador, o Verbo que se funda e se funde ao se pronunciar. Meus antepassados fizeram o voto com esses Deuses, e eu devo fortalecer essa corrente, pois sou o elo por excelência hoje, não por ser melhor que os outros, mas porque simplesmente hoje eu sou o elo.


sou herdeiro de uma tradição guerreira, e minha genealogia mostra que meus antepassados estiveram na revolta dos malês, minhas antepassadas lutaram nas revoltas dos Haussás e dos escravizados no campos e cidades. um dos meus antepassados era mulçumano, outro descende de Ogum, outra militou nos feudos portugueses, outros foram presos, subjugados, mortos pelas lutas empreendidas. herdo isso no meu espírito, e meu espírito não aguenta mais ficar calado.


meu voto me prova que minha razão desconhece o verdadeiro passado das coisas e das sociedades. meu voto me faz ver a minha esperança no amanhã.



saravá.






segunda-feira, 12 de maio de 2008

Você é a favor da divisão do estado do Pará? (ou: "Da Série: daqui do sudeste, num tô sabendo di nada.."

Você é a favor da divisão do estado do Pará? (quéee isso?)



galera, essa notícia mostra como estamos em um sulismo aqui no sudeste e mal sabemos o que tá rolando pelo resto do Brasil-sil-sil-sil.. aconteceu no ano passado. alguém soube?


A Unama promoveu no dia 17 de setembro do ano passado, um debate de caráter inédito sobre o tema: “A quem interessa a divisão do estado do Pará?”. O debate ocorreu no Auditório 01 do Campus BR e contou com a presença dos alunos e professores dos cursos de Economia, Administração, Direito e Comunicação Social. Professores da Unama e parlamentares compunham a mesa que discutiu as (prováveis) vantagens e desvantagens da criação de dois novos estados: o estado de Carajás e o estado de Tapajós.




Entre os argumentos apresentados no debate, destacaram-se: o Discurso Desenvolvimentista, pregando que a separação traria um rápido progresso socio-econômico; o Discurso da Identidade Social, pregando as diferenças culturais entre as regiões em função da grande carga de imigrantes; o Discurso dos Interesses Políticos, que diz respeito ao interesse da criação de novos aparelhos administrativos para evitar a concorrência com os atuais; e, finalmente, o Discurso da Extensão Territorial, afirmando que um estado com um território menor poderia ser bem melhor administrado e desenvolvido. Essas classificações foram propostas pelo professor da Unama Dr. Carlos Augusto Souza.
Um plebiscito será realizado para definir de vez a criação dos prováveis estados. Precisamos nos conscientizar de que isso não é mais uma realidade remota. Deixem seus comentários. Gostaria, imensamente, de poder ouvir a opinião dos leitores desse blog para que possamos chegar a um consenso como cidadãos.







acham que é piada? confira então aqui
















.. a própria humanidade se tornou perigosa ao Estado...


"...Procura-se, há alguns anos, nos convencer a aceitar como sendo as dimensões humanas e normais de nossa existência certas práticas de controle que sempre foram vistas como excepcionais e, na realidade, inumanas. Assim, ninguém ignora que o controle exercido pelo Estado sobre os indivíduos por intermédio do uso de dispositivos eletrônicos, como cartões de crédito ou telefones celulares, já atingiu limites antes inimagináveis. Mas não é possível ultrapassar certos limiares no controle e na manipulação dos corpos sem penetrar em uma nova era biopolítica, sem dar mais um passo em direção ao que Foucault chamava de animalização progressiva do homem implementada pelas técnicas mais sofisticadas. O fichamento eletrônico de impressões digitais e retinas, a tatuagem subcutânea e outras práticas do mesmo gênero são elementos que contribuem para definir esse limiar. As razões de segurança que são evocadas para justificá-las não devem nos impressionar: elas não têm nada a ver com isso.A história nos ensina até que ponto práticas que, num primeiro momento, eram reservadas a estrangeiros acabaram sendo aplicadas ao conjunto dos cidadãos. O que está em jogo aqui não é nada menos que a nova relação biopolítica supostamente “normal” entre os cidadãos e o Estado. Essa relação não tem mais nada a ver com a participação livre e ativa na esfera pública, mas diz respeito ao registro e fichamento do elemento mais privado e incomunicável da subjetividade: falo da vida biológica dos corpos.Assim, aos dispositivos de mídia que controlam e manipulam a palavra pública correspondem, portanto, os dispositivos tecnológicos que inscrevem e identificam a vida nua. Entre esses dois extremos de uma palavra sem corpo e um corpo sem palavra, o espaço daquilo que antes chamávamos de política setorna cada vez mais reduzido, mais exíguo. Assim, ao aplicar ao cidadãos -ou, melhor dizendo, ao ser humano como tal-as técnicas e os dispositivos que inventaram para as classes perigosas, os Estados, que deveriam constituir o espaço da vida política, fizeram dela o suspeito por excelência, a tal ponto que é a própria humanidade que se tornou a classe perigosa..." (ver mais aqui)

Cor..po - Por relações pós-sexuais..

um ser humano é meu amor..
de musculos, de carne e osso,
pele e cor..



"Portanto, não referir uma história da sexualidade à instância do sexo; mostrar, porém, como “o sexo” se encontra na dependência histórica da sexualidade. Não situar o sexo do lado do real e a sexualidade do lado das idéias confusas e ilusões; a sexualidade é uma figura histórica muito real, e foi ela que suscitou, como elemento especulativo necessário ao seu funcionamento, a noção do sexo. Não acreditar que dizendo-se sim ao sexo se está dizendo não ao poder; ao contrário, se está seguindo a linha do dispositivo geral da sexualidade. Se, por uma inversão tática dos diversos mecanismos da sexualidade, quisermos opor os corpos, os prazeres, os saberes, em sua multiplicidade e sua possibilidade de resistência às captações do poder, será com relação à instância do sexo que deveremos liberar-nos. Contra o dispositivo da sexualidade, o ponto de apoio do contra-ataque não deve ser o sexo-desejo, mas os corpos e os prazeres." (MF, HSVS)

Da Série: "objeto com personalidade, sujeito alienado.."


sexta-feira, 9 de maio de 2008

e a pergunta é... como resistiremos ao protagonismo?

Vai ser preciso muito mais pra me fazer recuar
Minha auto-estima não é fácil de abaixar
Olhos abertos fixados no céu
Perguntando a Deus qual será o meu papel.
Fechar a boca e não expor meus pensamentos
Com receio que eles possam causar constrangimentos
Será que é isso? Não cumprir compromisso
Abaixar a cabeça e se manter omisso.
É! Mantenho minha cabeça em pé!
Fale o que quiser, pode vir que já é!
Junto com a ralé Sem dar marcha ré!
Só Deus pode me julgar, por isso eu vou na fé !

O rEITOR E AS ASSEMBLÉIAS NA UFMG


Reitor da UFMG "realiza" "audiência pública" com "estudantes"

A UFMG realiza, em 21 de maio, às 10h, audiência pública entre o reitor Ronaldo Pena e os estudantes da Universidade. O encontro será no auditório da Reitoria, no campus Pampulha, e terá como tema a assistência estudantil na UFMG.
A realização de audiências públicas é resultado de um compromisso assumido por Ronaldo Pena durante a ocupação da Reitoria por alunos da UFMG, entre 7 e 10 de abril. Eles protestavam contra a ação da Polícia Militar no campus Pampulha, dias antes, durante a exibição do filme Grass (Maconha), no Instituto de Geociências.
Naquela semana, o reitor realizou duas audiências com os estudantes e comprometeu-se a promover os encontros regularmente.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Da Série :"Segundo..."

Segundo Foucault

Sem dúvida, devemos ser nominalistas: o poder não é uma instituição e nem uma estrutura, não é uma certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a uma situação estratégia complexa numa sociedade determinada".

LUIS GAMA - POETA NEGRO



Luiz Gama
Poeta negro revolucionário

Copista, advogado, jornalista, poeta, abolicionista e revolucionário Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi uma das personalidades brasileiras mais ativas de nossa história. Intelectual autodidata foi um fervoroso abolicionista e um efêmero poeta que ainda continua injustamente banido dos círculos acadêmicos reacionários.Luiz Gama nasceu na capital baiana em 21 de junho de 1830. A mãe foi a negra livre revolucionária abolicionista, Luíza Mahin, que participou do levante dos escravos baianos, conhecido como Revolta dos Malês, em 1935, e também da Sabinada em 1937. O pai, fidalgo de família tradicional baiana, o vendeu a troco de uma dívida de jogo aos dez anos de idade, quando foi comprado em um leilão por Antônio Pereira Cardoso, segundo-tenente do exército imperial, e foi viver em um cativeiro em Lorena, interior de São Paulo. Em 1847, o hóspede do seu senhor, Antônio Rodrigues do Prado Júnior o alfabetizou. Aos dezoito anos fugiu do cativeiro e foi para São Paulo.

Autodidata
No mesmo ano se alistou na Força Pública da Província ou Corpo de Força da Linha de São Paulo, criada em 1820 e composta do Corpo de Pedestres e da Companhia de Caçadores que reuniam os praças da guarda policial que tinham como objetivo dar suporte para a Província de São Paulo evitando as rebeliões, muito freqüentes na época, que se dirigiam contra as Cortes Portuguesas.À época ainda fazia trabalhos de copista para o escritório do escrivão major Benedito Antônio Coelho Neto e também como ordenança (soldado particular) do gabinete do Conselheiro Furtado de Mendonça, o contato com a biblioteca do escritório do Conselheiro despertou o interesse pela carreira jurídica no poeta.Em 1850 casou-se com Claudina Sampaio e começou a freqüentar, como ouvinte, as aulas do Curso de Direito da Faculdade Largo São Francisco, mas foi estimulado pela indolência dos professores e colegas a abandonar o curso antes de concluí-lo.Foi expulso da Força Pública, em 1856, por má conduta e rebeldia, pois não acatava as ordens de seus superiores, por isso ficou preso trinta e nove dias e depois foi trabalhar como amanuense da Secretaria de Polícia, onde era o responsável pela correspondência e por copiar e registrar documentos. Em 1869 foi demitido do cargo por apresentar uma posição de defesa dos direitos dos escravos.

Imprensa progressista
Dispensado do serviço público Luiz Gama passou a se dedicar com maior afinco a colaborar com diversos jornais periódicos. Ele havia fundado em 1864 o jornal satírico “Diabo Coxo”, que tinha as ilustrações do italiano Ângelo Agostini, considerado um marco no segmento da imprensa humorística de São Paulo. Colaborou ainda com os jornais “Ipiranga”, “Coroaci”, ”O Polichinelo” e “Cabrião”. Seu maior feito no campo jornalístico foi a fundação, juntamente com o republicano Rui Barbosa, do jornal “Radical Paulistano”, em 1869. De afiliação partidária republicana, Luiz Gama, que chegou a ser um dos fundadores do Partido Republicano Paulista na cidade de Itu, em 1873, defendia, em todos esses jornais, uma posição claramente a favor da causa dos escravos, dizendo que a escravidão era um fator de degradação da sociedade e do ser humano,.tornando-se assim um importante precursor do movimento abolicionista no Brasil.

Advogado abolicionista
O que aprendeu no Largo São Francisco fez com que o autor trabalhasse como rábula do fórum de São Paulo, destacando-se na defesa de causas a favor dos negros escravizados. A sua defesa pelos escravos foi excepcional, através da sua condição de rábula tentava provar que os negros estavam sendo escravizados contra a lei, pois tinham entrado no Brasil após a proibição do tráfico negreiro, promulgada em 1850. Causou grande polêmica ao defender que o assassinato dos proprietários pelos escravos era um ato de legítima defesa.Financiou alforrias condicionais e também ajudou os escravos que mesmo podendo pagar pela carta de alforria eram impedidos, por seus senhores, de se libertarem. Ajudou na libertação legal de mais de 500 escravos foragidos. Foi também líder da Mocidade Abolicionista e Republicana em 1880.
Revolucionário
Não foi apenas através de medidas legais, imprensa e judiciário, que Luiz Gama lutou pelos negros. Ele foi o inspirador de um dos movimentos revolucionários mais importantes do século XIX; a luta dos Caifazes, negros organizados por Antônio Bento que sublevaram-se contra o regime imperial obrigando-o a emancipar os negros. Os Caifazes foram seguidores diretos de Luiz Gama que fundou, a partir de 1880, sociedades secretas que auxiliavam os negros a se organizarem para fugirem das fazendas.

Poeta banido da literatura
Luiz Gama apesar de ter publicado um único livro de poesias em toda a sua vida é considerado um dos grandes poetas brasileiros que recebeu a influência de escritores como Faustino Xavier de Novaes e Gregório de Matos. No livro “Trovas Burlescas” que pode ser considerado da segunda geração romântica de poetas brasileiros, apesar de sua poesia ser antagônica a dessa geração. Nesse livro é possível constatar um poeta que não se dedicou a descrever a si próprio, mas que tinha uma visão crítica e satírica da sociedade de sua época.Sua morte se deu em 24 de agosto de 1882, e o que era para ser um simples sepultamento transformou-se, segundo a descrição do escritor Raul Pompéia, em “um ato público que celebrou a importância de Luiz Gama no movimento abolicionista brasileiro”. A vida de Luiz Gama, um intelectual autodidata, foi quase que integralmente dedicada à luta pela emancipação do povo negro, o que de imediato já mereceria um reconhecimento público, mas o que a historiografia e a história da literatura burguesa fizeram foi desprezar e ignorar a grande figura do revolucionário abolicionista e poeta, imagem que jamais poderia passar despercebida.

Caso Isabella: quando a morte vira um espetáculo

Caso Isabella: quando a morte vira um espetáculo
por jpereira — Última modificação 06/05/2008 13:11

Em entrevista, o professor da USP Dennis de Oliveira (que merda... "professor da usp".. putz) afirma que a intensa cobertura dos meios de comunicação do assassinato da menina de 5 anos é feita à moda de uma teledramaturgia

06/05/2008
Tatiana Merlino
da redação

A morte da menina Isabella Nardoni, de cinco anos, foi transformada em uma telenovela, que a cada dia traz uma novidade da trama. “Mas como o processo desse caso nem sempre traz coisas novas a todo dia, há uma busca por boatos e fatos sem relevância que vão recheando as informações”, afirma o professor Dennis de Oliveira, doutor em Ciências da Comunicação pela USP e coordenador do curso de especialização em Mídia, Informação e Cultura da mesma universidade.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Oliveira explica que o fato do caso ter virado um “espetáculo, é reflexo da crise do jornalismo tradicional, que perdeu de vez a função de fomentar o debate público, e cada vez mais está se aproximando dessa linguagem midiática do espetáculo para manter seus leitores”. Pai e madrasta de Isabella são acusados pela morte da menina, atirada de uma janela do sexto andar do Edifício London, na Vila Isolina Mazzei, Zona Norte da capital, em 29 de março.

Brasil de Fato Como o senhor avalia a maneira que a mídia está cobrindo o caso da morte da menina Isabella?

Dennis de Oliveira – Acho que está havendo uma espetacularização do fato. Os jornais estão trabalhando na perspectiva de construir uma grande trama novelística, na idéia de ter a cada dia uma novidade. Mas, como o processo desse caso nem sempre traz coisas novas a todo dia, há uma busca por boatos e fatos sem relevância que vão recheando as informações. A partir do momento que esse processo vira dramaturgia e é novelizado, acaba causando essa histeria, essa postura de linchamento que a população está tendo em relação aos acusados, suspeitos.

BF-Essa narrativa de novela segue a lógica de dar todos os dias uma informação nova, mesmo que não haja uma novidade?

D.O-Sim, de criar uma trama diária. Por exemplo, a cada dia, boatos, insinuações e informações não comprovadas acabam tendo um destaque que não teriam se o assunto fosse outro. Na busca por ter sempre um espaço diário e de criar essa narrativa, informações que não são comprovadas e que não tem relevância acabam tendo um espaço de notícia.

veja mais em http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/caso-isabella-quando-a-morte-vira-um-espetaculo

vc conheceu a história do 'boimate' (fusão genética entre o boi e o tomate), a descoberta científica inglesa de 1983, publicada pela Veja?


Os jornais e revistas ingleses gostam de " descobrir" fatos científicos no dia 1º de abril. A maior revista brasileira " comeu barriga" e entrou na deles. Conheça a história do " boimate", " uma nova fronteira científica"
O " fruto da carne", derivado da fusão da carne do boi e do tomate, batizado com o sugestino nome de boimate, constituiu-se, sem dúvida, no mais sensacional " fato científico" de 1.983, pelo menos para a revista Veja, em sua edição de 27 de abril. Na verdade, trata-se da maior " barriga" (notícia inverídica) da divulgação científica brasileira.
Tudo começou com uma brincadeira – já tradicional – da revista inglesa New Science que, a propósito do dia 1º de abril, dia da mentira, inventou e fez circular esta matéria.
A fusão de células vegetais e animais entusiasmou o responsável pela editoria de ciência da Veja que não titubeou em destacar o fato. E fez mais: ilustrou-o com um diagrama e entrevistou um biólogo da UPS, para dar a devida repercussão da descoberta.
Para a revista, " a experiência dos pesquisadores alemães, porém, permite sonhar com um tomate do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate. E abre uma nova fronteira científica".
O ridículo foi maior porque a revista inglesa deu inúmeras pistas: os biólogos Barry McDonald e William Wimpey tinham esses nomes para lembrar as cadeias internacionais de alimentação McDonald´s e Wimpy´s. A Universidade de Hamburgo, palco do "grande fato", foi citada para que pudesse ser cotejada com " hamburguer" e assim por diante. Mas nada adiantou.
A descoberta do engano foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo que, após esperar inutilmente pelo desmentido, resolveu " botar a boca no mundo" no dia 26 de junho.
O espírito gozador e , mais surpreendente às vezes até irado do brasileiro, no entanto, não deixou por menos. Durante o intervalo entre a matéria da Veja e o desmentido do Estadão, cartas e mais cartas chegaram às redações.
Um delas que, maliciosamente, assinou " X-Burguer, Phd, Capital", lembrava que no Brasil já haviam sido feitas descobertas semelhantes: o jeribá, cruzamento de jabá com jerimum, ou o goiabeijo, cruzamento de gens de goiba, cana-de-açúcar e queijo, e adiantava que seus estudos prosseguiam para criação do Porcojão ou Feijoporco, cruzamento de porcos com feijões que ele esperava dar como contribuição à tradicional feijoada paulista.
Domingos Archangelo escreveu ao Jornal da Tarde uma carta colérica contra a " a violação das leis naturais". Segundo ele, " do alto dos meus 76 anos, não posso ficar calado ante tal afronta às leis divinas. Boi nasceu para pastar, para puxar os saudosos carros do interior e para nos oferecer sua saborosa carne. E tomate, além das notórias qualidades que se lhe imputam na cozinha, serve também para ser arremessado à cabeça de quem perpetra tal montruosidade e, também, dos dão guarida e incentivam tais descobertas".
Francisco Luís Ribeiro, outro leitor da Capital, relata outros cruzamentos, além do boimate, que deram certo e cita experiências para " cruzar pombo-correio com papagaio, para o envio de mensagens faladas".
Finalmente, com o objetivo de pôr fim ao caso que já divertia as redações, a revista publicou, na edição de 6 de julho, ou seja, depois de dois meses, o desmentido: " tratou-se de lastimável equívoco". E justificou-se, explicando que é costume da imprensa inglesa fazer isso no dia 1º de abril e que, desta vez, havia cabido à revista entrar no jogo, exatamente no " seu lado mais desconfortável".

quarta-feira, 7 de maio de 2008

um outro passado é mais que possível, é essencial..



como pensar um futuro sem passado? conversando com minha amiga sobre isso, percebi que ela, estudante do curso de história, e 'adepta' a uma certa noção moderna de 'viver o presente pelo presente' e uma certa noção teórica do 'não-essencialismo', não acredita na força do passado. Seja ele histórico e/ou espiritual e/ou político e/ou cultural, todos nós necessitamos de um passado para construirmos um futuro e para guiarmos nosso presente. caso contrário, estaremos em um labirinto sem mapa e em uma guerra sem rumo, sem saber onde e quem atacar. um guerreiro desorientado é o alvo mais fácil para o adversário. a juventude hoje lançada no presente por si mesmo é carente de passado. os negros hoje consumidores de uma história feita de brancos para brancos são carentes de passado. as mulheres são carentes de passado assim como os pobres. por isso a luta hoje deve(ria) ser, antes de mais nada, a luta por um passado, ou melhor, a luta pela determinação autônoma e coletiva de um passado. uma cultura sem passado não sobrevive.


um outro passado para mim e para o povo negro é mais que possível, é essencial.


penso ser muito importante frentes de batalhas no momento: *na universidade a luta é por pensadores dedicados a reconstruir a história do brasil ( não só a "h. dos excluidos" ou a "h. dos negros", mas a "h. do brasil" do ponto de vista das lutas cotidianas e políticas, culturais e sociais travadas entre negros, índios e brancos, excluidos, populares, classmedias e elites, homens e mulheres, católicos e outros religiosos) e a construir arsenais teóricos que subsidiem as lutas institucionais e midiáticas que iremos acampar. a universidade, como o lócus da produção da verdade, é local também da disputa pela produção desta. é preciso criar outras histórias totalmente radicais, que subsidiem o nosso presente. *na cultura a luta é por construir histórias, desencavar falas e acontecimentos ocultados, esquecidos, destituidos de valor ou declarados como mitos, lendas, falsos. devemos desmentir cada fato da história oficial e apontar as lutas e apontar os 'reais fatos'. se os outros falarem que são mentiras e invenções, só estão revelando o próprio jogo que eles nutrem a séculos, com o poder que eles detém da palavra. *na escola pública a luta é primordial, principalmente na aula de história. tá certo que infelizmente temos que ensinar a 'história oficial racista' no segundo grau para que os alunos passem nos vetibulares e exames para acesso à universidade, mas podemos mudar muita coisa se começarmos pelo primeiro grau. acredito que se eu tivesse tido pelo menos um ano inteiro de aulas de história na sétima série que abordasse a história do brasil sem o viés eurocêntrico, eu teria acordado muito mais cedo para o grave problema que temos no país, e não teria visto amigos meus -negros- sendo mortos sem perspectivas nenhuma. chega de ouvir sobre histórias de povos que nada dizem respeito a nós! chega de ouvir que sempre fomos raça submissa, dócil, escravizada, apática, cordial, 'alegre', insoneiro... só podemos pensar em um presente de luta e um futuro com sentido se o nosso passado nos abençoar a cada manhã, antes das lutas cotidianas. todos os povos exaltam seu passado, até mesmo os portugueses e seus descendentes brasileiros. agora que temos a possibilidade de sermos professores nas salas de aula, iremos reproduzir a história do 'dominante'?


(continua..)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

dA séRiE: os ruivos dominarão a terra dos Desejos

00h12, por Van Gogh


flores vermelhas no meio do caminho, por Van Gogh


o quarto que inspira poesia, por Van Gogh

Fé no Futebol: tradição moderna


Na vida de milhares de jovens de periferia hoje existe todo um ritual ao redor do futebol que o tranforma em uma espécie de religião sem deus. as torcidas organizadas são como as romarias (isso é muito claro.. qualquer um que tenha visto a caminhada desses coletivos humanos percebe isso), os estádios, templos-mor. a lealdade ao time e aos companheiro demostra uma irmandade e uma fé, oq ue concerne sentido às coisas. não importa, até certo ponto, se o time ganha ou não, pois boa parte do sentido desses coletivos não reside no ato do jogo em si, mas no grupo.

a primeira ida ao estádio, ou ao clássico, pode ser considerada como o ritual de passagem, um batismo. me contrariado um pouco, talvez podemos pensar que o time seja uma espécie de deus, mas não um deus onipotente, hebreu. talvez um deus muito mais humano, que ganha e perde, que nos dá força pra vencer o deus/torcida rival ou nos desola a tal ponto de não termos ânimo para o trabalho no dia seguinte ao jogo de futebol. o time que passa longos tempos sem vencer é como aquele deus que já não age como antigamente, aquele deus que não consegue mais motivar seus fiéis, um deus em declínio. temos fartos exemplos no futebol de clubes que há décadas que não conseguem as façanhas de títulos que, pouco a pouco, vão vendo o número de fiéis reduzir. só resta aqueles fiéis que lembram dos grandes feitos no passado. por outro lado, os deuses mais fortes e mais vigorosos vão ganhando mais e mais adeptos, que são convertidos logo no início da vida. geralmente tenta-se passar essa 'tradição religiosa' de pai pra filho, mas nada é certo nesse terreno. a escola e os grupos de amigos são importantes para definição do clube. o gênero ainda é uma categoria que vai marcar tal crença, embora hoje se veja uma maior reverência dos dois lados. esses deuses devem ser venerados, honrados, adornados, cultuados, ao contrário dos lutadores que vão se degladiar na arena gramada. ai daqueles que não honrar as vestes sagradas dos deuses! serão sempre lembrados os lutadores ou os devotos que mais se esforçaram por seu deus, e que ajudaram pela glorificação frente aos outros deuses e fiéis. nas décadas neoliberais, onde os passes dos jogadores começaram a valer mais do que o amor à camisa, o descontentamento é cada vez maior.

aparecem cada vez mais os falsos devotos, aqueles combatentes mercenários que lutam pelos deuses daqueles que lhe pagam mais. isso cria um descompasso entre a fé cotidiana e o clímax do ritual, os noventas minutos definitivos. como toda boa fé sincrética, é permitido e incentivado que outros deuses, os religiosos strictu sensu, influam no andamento das partidas.

d.oh.


Quando o futebol é um Reality Show



Alienação? Esporte? Religião? Reality Show...

Ontem, ao vibrar estonteamente com mais um título de um grande clube brasileiro (azul-celeste), me vi numa situação incômoda: de onde vinha aquela euforia e aquela alegria tão grande? o que eu tinha ganhado afinal? um título, oras..
mas, para que serve este título? senão para comemorá-lo frente ao meu adversário futebolístico e.... para comentar. Cometar é a grande palavrinha mágica que a tv nos delega. Temos que ter uma opinião sobre as coisas, mesmo que aquilo não acrescente uma grama em nossa existência. Como Larrosa nos lembra, somos a todos os momentos impelidos a comentar, a ter opinião, mas não temos experiência. Ora, um amigo meu pontuou isso claramente: futebol é bom pra ser jogado, não pra ser visto. Vá lá que assistir os amigos ou conhecidos bater uma pelada é tão legal quanto jogar. Mas outra coisa completamente diferente é todo esse espetáculo construído nas últimas décadas em torno dos esportes de massa. Umberto Eco escreve em um de seus artigos jornalísticos diários especificamente sobre isso. Ele vai comentar a respeito dessa espetacularização do esporte, e sobre essa nossa estranaha atividade de se emocionar e lançar sentimentos a algo que não acontece conosco.


Nesse sentido, o futebol ( enão só ele, mas principalmente) se tornou nas ultimas décadas um grande Reality Show, pois ele não se reduz ao jogo propriamente dito. Diferentemente, até em certa medida, da telenovela, no jogo esportivo propriamente dito estão em disputas lançes, vidas, sonhos, interesses, emoções, dentro e fora do campo. como um Big Brother global. todos os preparativos anterior e todas as repercusões posterior ao jogo são exaustivamente comentados, opinados, estudados, debatidos, como se isso pudesse fazer algum efeito prático no momento do jogo. assim como os brig brothes espalhados pela tv, torcemos por um ou por outro no jogo do paredão, ficamos alegres ou tristes com o desenrolar dos fatos e, após os vencedores receberem seus prêmios (in ca$h), as emissoras ganharem seus dinheiros, os patriocinadores tirarem seus lucros, os perdedores serem vaiados e punidos, ansiamos ansiosamente pelo próximo campeonato, pelo próximo jogo, pela próximo gol, mesmo que isso não faça o menor sentido.



Contudo, se não fizesse nenhum sentido, talvez essa tradição moderna não estaria em sua plena forma até hoje. Marshall Berman nos mostra que entre modernidade e tradição, ao contrário do que muitos dizem, não há nenhuma oposição. aliás, são complementares. as tradições aniquiladas ou alteradas pela modernidades serão substituídas ou trasformadas por outras, novas ou renovadas. em uma sociedade onde parcelas da população são excluídas da construção da pólis e das possibilidades de compartilhar plenamente as 'benesses' da modernidade burguesa, percebemos o futebol se mesclar com valores, éticas, ideais que vão fazer do sentido esportivo um sentido quase que religioso.

outdoors e tv, tudo a ver


bom, uma pequena relexão intra-onibusônica:

já faz um bom tempo que não assisto a tv. meses, por sinal. isso tem começado a provocar em mim uma espécie de incompreensão outdoórica. começo não mais a entender os outdoors da cidade, principalmente os de publicidade. o mais engraçado é que percebi isso mais claramente quando fiquei, na sexta-feira passada, algumas horas na frente da tv. de repente, vários outdoors começaram a fazer sentido..

começo a imaginar o quanto de nossa mente está colonizada por imagens.. acho q o walter benjamin dá uns pitacos sobre isso...

onibus depredado: quem lucra com isso?

mais um dia de jogo, e mais uma vez vários ônibus da capital mineira quebrados, depredados pela ação daqueles que a mídia não cansa de chamar de "vândalos". convenhamos que é realmente chato ver os onibus quebrados, e pior ainda estar dentro de um ônibus quando uma pedra estoura um vidro na sua frente. já passei por isso e, na primeira, quase fiquei cego e na segunda, uma menina foi levada às pressas ao hospital por ter sido ferida na cabeça. convenhamos também que há alguns garotos e jovens que não possuem 'aparentemente' motivo algum nesses atos, nem mesmo "maldade", pois já ouve muitos deles dizendo que fazem tais atos por "fazer". além da população, as mais diretamente afetadas por tais depredações seriam as empresas de ônibus. certo? talvez não...
vamos nos reportar a um exemplo básico para entendermos melhor tal caso. quando vamos a um bar e, 'acidentalmente' deixamos cair um copo de vidro, quase sempre "não pagamos" por ele. bondade dos garços e do dono do bar? prejuízo para ele? Não. porque simplesmente o preço do copo já está embutido no preço da cerveja, refigerante, petiscos, guarnições... já se cobra pelos eventuais copos quebrados antes mesmo deles serem quebrados. se forem quebrados, tudo bem, já estão pagos. se não forem, é mais um lucro adicional. com os ônibus acontece o mesmo. o valor de r$ 2,10 que pagamos toda vez que vamos do IAPI até a rodoviária no 5031, ou tomamos o 8350 para ir do são gabriel até o barreiro, pagamos por uma série de coisas, inclusive pelas eventuais depredações que poderão ou não ocorrer (como também pela pulação de catraca que há nos onibus todas as noites, nas regiões mais periféricas da cidade). fora isso, existe todo um 'micro-ramo' na região metropolitana que se beneficia desse negócio. são empresas que trabalham na recuperação dos ônibus, fazendo com que o dinheiro circule e novas demandas sejam criadas. na década de 90, viu-se surgir um "novo micro-mercado" na capital, o mercado da depredação. e, se já existem várias maracutaias entre as empresas dos transportes públicos da capital, nesse negócio essas maracutaias devem se tornar mais claras. mas não vamos entrar nisso agora.
isso talvez explicaria o silêncio de anos de depredação sem nenhum movimento de retalhação por parte dos donos das empresas. eles já estão saindo no lucro de qualquer jeito, e quem paga o pato somos nós. o que devemos fazer então?
bom, não gosto de moralismos e principalmente de falsos moralismos. além disso, acredito que as leis, educação, democracia e possibilidades que existem hoje na sociedade estão muito aquém do que podemos realmente fazer e reivindicar. os meninos que depredam os onibus não estão totalmente errados, mas tb não estão totalmente certos. quebrar por quebrar não basta. isso não afeta as correlações de força e de poder que os mantém marginalizados e que os estigmatizam. quebrar machucando os próprios moradores também não adianta nada, só faz perder o apoio desses e que os atingidos reproduzam os preconceitos já existente. deve-se pensar estratégicamente, visando frustar os interesses dos grandes empresários. são eles que devem temer o quebra-quebra, não a população da periferia. até agora, o mais perto que eles chegam dos onibus quebrados é atraves das imagens que a tv noticia na hora do almoço, em um desses restaurantes finos da savassi ou da raja, comendo aquele churrasco argentino. ou através dos lucros advindos dessas quebradeiras..


d.oh.