terça-feira, 13 de maio de 2008

"Temos as insurreições que merecemos" (Alain Badiou)



*por Animot


A França consegue produzir fatos racistas tão escrotos quanto os nossos, o que obviamente não é motivo de orgulho para ninguém. Numa carta enviada ao jornal Le Monde em 15 de novembro de 2005, e publicada no dia seguinte, o filósofo francês Alain Badiou conta algumas humilhações já sofridas pelo seu filho negro Gérard, de 16 anos.Em 18 meses o garoto foi preso 6 vezes, a primeira vez quando tinha 15 anos. A prisão dura de algumas horas a um par de dias. As vezes que tomou atraque da polícia na rua são incontáveis.Os motivos apresentados pelos policiais para as prisões são absurdos.


Por exemplo, o garoto é preso por 'probabilidade' de violência. Que diabo é isso?


A polícia pede às escolas que lhes forneça fichas com fotos dos estudantes negros, e só desses. Eis o racismo institucional agindo com plena eficiência. Se você quer motivo para se enojar com as instituições francesas, taí um prato cheio.O filho de Badiou não mora nos guetos de pessoas de origem africana. Lá a coisa deve ser ainda pior.Enfim, a revolta de jovens não-brancos na França era algo previsível, como reconhece Didier Fassin (em um texto disponível através do Portal de Periódicos da Capes). O triste é ver que talvez não tenha sido previsto por falta de interesse dos intelectuais, e também pela ideologia defendida pelos mesmos. Mas, agora que tal ideologia está nua, a coisa realmente deve ser repensada.Obviamente há muito dessa história que vale pra gente. Não temos um presente pós-colonial, tal como a França, mas temos um doloroso presente muito presente pós-escravagista. Enfim, há muito sobre o que se pensar, de preferência seriamente.



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o pior é quando não a temos...

d.oh.

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