quinta-feira, 18 de outubro de 2007

NÃO SENTO AO LADO DE NEGRA

Mulher de 65 anos é processada por injúria racial


Responderá em liberdade um processo por injúria racial a mulher de 65 anos que causou o maior rebuliço em um avião da GOL na semana passada por se recusar a sentar ao lado de outra mulher simplesmente porque ela era negra. Leia mais
Depois de pagar R$ 300, ela foi solta cerca de 15 horas depois da prisão em flagrante, em Brasília. A liberdade provisória foi concedida pela juíza federal de plantão Isa Tânia Cantão Pessoa da Costa.
Isso só foi possível porque o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, João Quirino, não considerou o episódio como um ato de racismo. Segundo o próprio delegado, a mulher aparenta ter "problemas psicológicos".
No inquérito policial já encaminhado à 10ª Vara Federal de Brasília, o crime foi tipificado como injúria racial, e não como racismo – que é inafiançável.
O processo agora está nas mãos do procurador da República José Diógenes Teixeira. A decisão judicial só sai depois do parecer do Ministério Público. Caso seja condenada, a acusada pode pegar de um a três anos de prisão.



"Não sento ao lado de negra"


Um tumulto atrasou o vôo 1721 da GOL, que sairia de Brasília às 11h30 desta quinta com destino ao Rio de Janeiro.
Uma senhora de 65 anos, aparentando transtornos mentais, não gostou de ver que seu lugar marcado era do lado de uma jovem de cor negra e começou a insultá-la.
"Não sento ao lado de negra", disse a senhora, provocando alvoroço no avião que ainda estava em solo. Os demais passageiros saíram em defesa da jovem, uma professora de educação física de 26 anos.
A confusão chegou aos ouvidos do comandante, que imediatamente acionou a Polícia Federal (PF). As duas, acompanhadas de uma testemunha, foram retiradas do avião e levadas à Superintendência da PF, em Brasília, para prestar depoimento.
O nome das mulheres não foi divulgado pela polícia.
No meio da tarde, a jovem deixou o prédio da PF às pressas em direção ao aeroporto, onde tentaria embarcar para o Rio ainda hoje. Ela disse que não queria estragar seu feriado prolongado, apesar da situação constrangedora que viveu.
"Foi horrível, desnecessário. Nunca tinha passado por situação semelhante", afirmou a jovem, sem querer se identificar.
A acusada está presa. O inquérito policial será encaminhado à Justiça Federal. A pena em casos de racismo varia de um a três anos. É possível que o juiz leve em conta os eventuais problemas de saúde da acusada.


PS: isso me fez lembrar uma cena HISTÓRICA...





"Há cinqüenta anos, Parks ficou famosa e ganhou o título de "mãe do movimento pelos direitos civis" ao se negar a ceder seu lugar para um passageiro branco em um ônibus em Montgomery, no Estado do Alabama. Na época, leis de segregação racial eram permitidas nos Estados Unidos. Era permitido, por exemplo, a separação entre negros e brancos em transportes e acomodações públicas ou restaurantes.Ao recusar a ordem do passageiro branco, apesar das leis que a obrigavam a ceder sua vaga, Parks foi presa e multada, o que provocou a reação da comunidade negra local. Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: "Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo"".

veja mais em folha.

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