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Procurar qualquer coisa naquele retângulo mágico do buscador Google. Se não aparecer nada talvez
"a informação que buscamos não exista". Será?
"No início do terceiro milênio, estamos diante de uma situação única na história, que faz com que
uma corporação privada da América determine a maneira pela qual buscamos informações". Assim
começa a primeira parte da "Pesquisa sobre os perigos e oportunidades apresentados pelos
programas de busca na internet (Google, em particular)", desenvolvida ao longo do ano passado
pelo Instituto de Sistemas da Informação e Computação da Universidade de Tecnologia de Graz, na
Áustria. O projeto foi coordenado pelo Prof. Hermann Maurer e financiado pelo Ministério
austríaco dos Transportes, Inovação e Tecnologia – o estudo completo pode ser baixado aqui:
http://www.iicm.tugraz.at/iicm_papers/dangers_google.pdf.
A pesquisa questiona uma atitude natural dos usuários da intenet: procurar qualquer coisa naquele
retângulo mágico do buscador Google. Se não aparecer nada talvez "a informação que buscamos
efetivamente não exista". Será?
O objetivo do trabalho, cujos resultados foram pouco divulgados pela mídia corporativa, é
demonstrar o comportamento monopolista da empresa Google, além de denunciar o que os
pesquisadores chamaram de "Síndrome Google de Copiar e Colar". Trata-se da emergência de uma
geração de "pesquisadores" que limitam-se a fazer uma colcha de retalhos de informações pinçadas
no Google, travestidas de trabalhos escolares ou acadêmicos, sem ao menos citar as fontes.
A apresentação da pesquisa austríaca vai direto ao ponto: "para qualquer um que encare a questão
fica claro que o Google acumulou um poder que acabou se constituindo numa ameaça à sociedade", já
que transformou-se na principal interface entre a realidade e o pesquisador na internet. O Google
tem o monopólio dos programas de busca e invade massivamente a privacidade das pessoas. Sem
enfrentar limitações de qualquer natureza, o Google conhece particularidades dos indivíduos mais
do que qualquer outra instituição, "transformando-o na maior agência de detetives do planeta". A
influência do Google na economia é direta, principalmente na maneira pela qual os anúncios são
exibidos (quanto mais a empresa pagar, maior visibilidade o anúncio terá). Aliás, parte do seu
faturamento, superior a 16 bilhões de dólares em 2007, deve-se à sua estratégia de publicidade
online através dos links patrocinados.
Hierarquia
Desde o primeiro programa de buscas na internet, o Altavista, lançado em dezembro de 1995,
vive-se a sensação do dado bruto transformar-se em conhecimento, em informação viva. Com o
aparecimento do Google, fundado em 1998 pela dupla Larry Page e Sergey Brin, jovens doutorandos
da Universidade Stanford, na Califórnia, passou-se para um outro patamar de programas de busca.
Brin definiu que as informações na web deveriam ser organizadas numa hierarquia de popularidade.
Ou seja, quanto mais um link leva a uma página específica mais a página merece ser ranqueada nos
resultados do programa de busca. Outros fatores, como o tamanho da página, número de mudanças,
atualizações constantes, títulos e links no texto foram incluídos na programação (algorítmo) do
Google. Lentamente o programa implantou um processso de hierarquização das informações que passou
a ser aceito sem contestações. Em março de 2007 o Google atingia 53,7% do mercado dos buscadores
da rede (segundo dados da Nielsen/ NetRatings).
Considerando-se que muitas das informações que circulam na internet partem de indicações do
Google ou da Wikipédia (a grande enciclopédia de conteúdo "aberto" da internet), Stephan Weber,
co-autor do projeto da Universidade de Tecnologia de Graz, denuncia uma espécie de "Googlarização
da realidade", já que existem fortes indícios que o Google e a Wikipédia operam a partir de uma
espécie de parceria. Os pesquisadores escolheram ao acaso 100 verbetes em alemão e outros 100 em
inglês do índice de A a Z da Wikipédia e colocaram estas palavras-chave em quatro grandes
programas de busca (Google, Yahoo, Altavista e Live Search). O Google registrou 91% dos
resultados das entradas da Wikipedia (em alemão). Para os sites em inglês os resultados atingiram
76% de registros no Google. "Parece evidente que o Google está privilegiando os sites da
Wikipedia em seu ranque", concluiu a pesquisa, seguida pelo Yahoo (56% em alemão e 72% em
inglês).
Plágio
A segunda seção da pesquisa dedica-se à emergência de uma nova técnica cultural e suas
implicações sócio-culturais: o plágio (a tal síndrome do "Copiar e Colar") e suas relações com os
conceitos contemporâneos de propriedade intelectual. O estudo cita o caso de um ex-aluno de
psicologia da Universidade Alpen-Adria de Klagenfurt, na Áustria, que elaborou a sua tese de
doutorado com mais de cem fragmentos copiados da internet. As primeiras páginas da tese eram uma
colagem de vinte sites, muitos dos quais sem o menor rigor científico. Diante do plágio, a
universidade passou a aplicar um software alemão de detecção de cópias chamado Docol©c (
http://www.docoloc.de/), cujos resultados ainda estão sendo testados.
A proposta prática da pesquisa é a de reduzir a influência do Google a partir do desenvolvimento
de outros programas de busca especializados na Europa, desvinculando a hierarquia comercial do
livre fluxo de dados públicos que circulam pela internet.
Assim como o estadunidense Gerg Venter, dono da empresa Celera, pretende mapear o código genético
de tudo o que é vivo para patentear e vender, o Google parece querer codificar todas as
informações circulantes no planeta, segundo critérios que nem sempre privilegiam o interesse
público. Mais do que enfatizar o Google como "a empresa do séc.XXI", a Universidade de Granz
presta um grande serviço ao conscientizar os internautas dos limites e perigos dessa estratégia
e, ao mesmo tempo, conclama os pesquisadores a uma ação imediata que impeça a "googlalização da
realidade".
Silvio Mieli é jornalista e professor da faculdade de Comunicação e Filosofia da Pontifícia
Universidade Católica (PUC - SP).
Publicado originalmente no jornal `Brasil de Fato` (02/06/2008)
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Não sei se porque estamos em maio, não sei se porque faz 40 anos de 68, não sei se porque o Ramón foi atingido por uma bala perdida, mas li um artigo num jornal e um pedacinho dele, em especial, me chamou a atenção: "Esses balaços que pipocam pela cidade não têm ideologia, como certa vez tiveram paralelepípedos e bombas de gás lacrimogêneo em Paris e no mundo. Carecem de sentido. São produto da mesma estupidez que vem impedindo que manifestações e passeatas sejam realizadas num estado democrático de direito, sob reação quase inexistente da sociedade civil. Não são apenas os revolucionários de 68 que deveríamos superar e enterrar. Os reacionários também."
Um abraço!
Analise
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"Hoje não temos mais a opção entre violência e não-violência. É somente a escolha entre não-violência ou não-existência" Martin Luther King
" A neutralidade não existe em ciência social, pois prefiro seguir o conselho de Gramsci: ter uma posição e a partir dela efetuar os movimentos teóricos-analíticos da interpretação". Chico de Oliveira
DIOGO OLIVEIRA
Geógrafo
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Um comentário:
Alberto Crisostomo Freire, quer mais imformaçoes sobre tal obra, rua muscovita 75 carajas.
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