quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

o diálogo entre duas vidas

prosa poética:

o diálogo entre duas vidas,
no alto de uma colina ao pôr-do-sol




Ao chutar duas gotas d'agua que caiam de uma folha do alto de uma grande arvore,
ele a indaga sobre a origem do sol, aquele mesmo sol que se deitava naquele momento.
Ela, sentada, abraçando suas pernas, quase não presta atenção na pergunta dele,
ela está a observar três cisnes que passavam bem próximos a ela.
Façamos nossos beijos nossos contratos para o amanhã - sussurou ele, se aproximando carinhosamente dela.
O amanhã é como montanhas ingrimes: incerto demais para planos - disse ela, dando lhe um leve beijo no rosto.
Herois são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as incertezas e o medo de tentar - falou ele.
Ela o olhou profundamente, e levou seu rosto a olhar o chão. Esboçou algumas palavras no chão.
Tentou definir um traçado para o destino dos dois. Desfez o traçado com uma das mãos.
Se não sabemos para onde estamos indo, qualquer destino serve - segredou ela, olhando para o horizonte.
Ele não a ouviu, pois estava tentando inutilmente pegar a ponta da folha do galho mais baixo da alta árvore que próxima a eles estava.
Que criança...- ironizou ela, olhando para o insucesso dele.
Que mulher...-pensou ele.
Olha guria, disse ele, a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que nós temos do que...

Ela o interrompe com um beijo apaixonante.
...do que as velas do bolo, os pássaros do céu...-completou ela, o abraçando pelo pescoço.
Te amo - declamou ele
Você sabia que me lembrastes neste momento de um verso de Shakespeare?- flerta ela.
Só neste momento?- rezou ele. Ela então o solta e corre alguns metros até a beirada.
Olha pra baixo, e depois o fita com um olhar nunca visto por ele antes.
Sorri para ele com um sorriso que, de tão belo, o faz sentir um prazer muito bom.
Ele lembra das manhãs gostosas que passara ao lado dela,
após noites de intensos prazer e paixão. Ele lembra de seu corpo sob a luz e sob a poesia de sua alma.
"As pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa,
por isso sempre deixe as pessoas que amamos com palavras amorosas,
pois pode ser a última vez que a vejamos"
- recitou ela, deixando uma lágrima clara cair sobre sua pele escura.
Ele vai em direção dela, com um conforto tremendo. Encontrara ele o próprio céu. A própria poesia encarnada.
Ela olha novamente para o horizonte. Pensa em voar. Observa os cisnes e deseja voar.
Seu pai sempre lhe falava que com fé era possível ela fazer qualquer coisa,
até dizer para as ingrimes colinas "vá para lá" e elas obedecerem. Imagine querer voar! Seria muito mais fácil.
Ela olha mais uma vez para os cisnes que passam bem perto dela. Ela deseja voar. Ela ensaia voar.
Ele a abraça...




diogo oliveirah dez-006


"Faça sua alma voar, ao invés de esperar que alguém lhe traga asas".

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