quinta-feira, 27 de março de 2008

Obama Presidente. Interessante?

Obama Presidente
 
* por Alexandre Braga
 
Karl Marx não nutria ilusões a respeito da disputa das eleições presidenciais nos Estados Unidos de 1860 – mas destacava a importância da luta contra a escravatura para a luta democrática. Igualmente hoje não podemos ter nenhuma ilusão quanto à candidatura de Barack Obama a presidente dos Estados Unidos. Ele, eleito, provavelmente não vai alterar a atual rota dos acontecimentos do Consenso de Washington, muito menos os rumos da Doutrina Bush e nem vai mudar a Nova Ordem Mundial, pela qual os Estados Unidos se beneficiam sobre os demais países do globo.
 
Obama representa sim a possibilidade de construção de diálogos pontuais que envolvam a necessidade de haver urgentíssimas inversões de prioridades nas políticas públicas governamentais para atender significativa parcela dos excluídos do capitalismo. Essa é a principal missão de Obama enquanto clamor popular. É uma candidatura por onde canalizam-se  e aglutinam-se as esperanças de todos os outros projetos políticos que não conseguiram passar pelo funil antidemocrático das eleições estadunidenses. Nossa aposta sempre passou bem longe desse perverso modelo bipolar democratas- republicanos, pois     confiávamos nas candidaturas da negra Ângela Davis, do Partido Comunista, e dos partidos dos campos progressista e operário.
 
O fato de Obama ser negro é dos menores elementos desse jogo político. Na medida em que para manter o atual status imperialista e belicista todas as matizes étnicas são bem vindas ao processo eleitoral dos Estados Unidos. Mesmo porque só interessa-nos a questão racial quando essa discussão está a serviço de um projeto de emancipação social como perspectiva de construção de uma nova sociedade fraterna e igualitária. Barack Obama, por enquanto, está restrito apenas a construção desses diálogos paliativos.
 
Mas, ao contrário das opiniões esquerdistas, sabemos da importância que essas eleições tem para o avanço da luta ideológica e política. E eleger um presidente, no centro do globo, aberto ao diálogo fraterno com os movimentos sociais e demais blocos que não comungam a opressão geopolítica e ambiental provocada pelos últimos governos na América do Norte, é passo histórico nesse caminho. Obama tem a chance de reverter o quadro da estagnação sócio-ambiental para construir uma nova correlação de forças direcionando o país para a governança realmente democrática e antenada aos anseios da paz e respeito à autodeterminação dos povos. Além do mais, sabemos que o imperialismo estadunidense não é invencível, podendo ser derrotado numa luta bem orientada e persistente dos povos; aí, tendo ou não a participação de Barack Obama.
 
Obama Presidente!
 
 
*Alexandre Braga é coordenador de Comunicação da Unegro-MG

Um comentário:

Átila Siqueira. disse...

Gostei bastante de seu texto sobre Obama, embora eu tenha uma visão um pouco distinta e mais pessimista da situação.

Depois me visite no meu blog e procure meus textos a esse respeito.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.